Da astronomia

Posted: segunda-feira, 21 de setembro de 2009 | Postado por Tiago |

Eu não gosto de astronomia. Quer dizer, gosto. Condescendo, movido mais por palpite do que por sondagem, que é matéria que fascina o ser humano, desde onde estou até à enfiada omnidireccional da rosa dos ventos. Mas a astronomia é mais uma arte do que uma ciência, e eu sou um rapaz das ciências. Condescendo de novo: a astronomia tem muito de científico. Só que também tem muito de poético, e misturar as duas coisas não me é indiferente.

Um dia os deuses terrenos puseram os gémeos Castor e Pólux no céu, em duas estrelas reluzentes, para que a sua amizade ficasse marcada eternamente. Isso seria bonito, não fosse essa marca da irmandade épica só fazer sentido num pequeníssimo ponto do Universo: o planeta Terra. O céu tal como o vemos, as constelações tal como nos são apresentadas, não passam de uma conceptualidade que construímos a partir de seres estelares que nada têm que ver entre si: separadas por milhares de anos-luz de distância, nem ao ónus do conhecimento da sua constelação têm direito.

A astronomia é uma efabulação sobre a qual admiramos o céu. É construída sobre um tecido histórico de centenas ou milhares de anos. Sei que apela a pensamentos sobre a vida; outras vidas; distâncias; viagens. O que me lixa nisto tudo é que talvez a Terra seja demasiado pequena para mim. E quando apanhar a próxima aeronave, olhar em volta, ver que nada disto faz sentido, provavelmente vou pensar:

- Porra, estou perdido!